Projeto Estrada Real Caminho Novo

A idéia de percorrermos o terceiro e último grande trecho da Estrada Real vinha desde a última viagem pela Caminho dos Diamantes ainda em 2010.
Mas os primeiros planos mais "realistas" só começaram no final de 2012, e alguns participantes de outras trips anteriores se interessaram.
A viagem foi feita no início de abril de 2013. Viajamos sem carro de apoio e escolhemos as pousadas mais simples nas cidades menores do caminho.

PLANEJAMENTO
Planejar o Caminho Novo curiosamente foi bem mais difícil que os outros trechos da ER. Uma busca no google leva a poucos blogs sobre viajantes que se aventuraram por esse trecho. Um dos motivos desse baixo "ibope", acredito eu, se deve a uma certa dificuldade na logística desse caminho. O trecho final até Porto Estrela em Magé (pra quem parte de Ouro Preto) é feito em uma área isolada, e sem nenhuma estrutura. De lá até a cidade do Rio é preciso pegar a linha amarela, que não é lá nenhum lugar bacana pra se pedalar. Somado com uma fama algumas vezes injusta sobre a violência do Rio.

A nossa decisão foi então fazer o caminho até Petrópolis, penúltima cidade do trecho. E equilibrando a altimetria, a distância e o tempo que a gente tinha disponível, o nosso roteiro ficou assim planejado (clique para ampliar):


EQUIPE
Depois das desistências do Alex (Tex) e do Rogério (Tadeu) por conta do trabalho, a equipe final que encarou o trecho foi (da esquerda para a direita na foto):

Marcelo Melo
André Santin
Carlos Leiva



DADOS
Rodamos cerca de 500 kms de Ouro Preto à Petrópolis. Com poucas exceções, fizemos todo o trecho original do caminho. Vale a pena citar, para àqueles que querem se aventurar por lá: atenção no planejamento! Alguns single-tracks terão que ser feitos muito lentamente, principalmente saindo do parque do Itacolomi.

A altimetria deste caminho não é complicada, mas não se pode dizer que é fácil. Encontramos muitos "sobe-e-desce" durante nossa viagem.

IMPRESSÕES
Se aventurar pela Estrada Real é algo muito bacana. Mas uma impressão falsa pode ser dada quando se visita o site do Instituto da Estrada Real. Existe um bom "marketing" no site, com fotos legais e etc. Mas é importante o viajante saber que não vai encontrar muita estrutura e muitos outros viajantes pelo caminho. Nós, por exemplo, não encontramos ninguém fazendo o trecho durante os 6 dias de pedal.

Apesar do investimento na imagem, falta investir na manutenção da Estrada Real em si. Não é raro encontrar marcos derrubados, escondidos atrás do capim alto, sem placa e etc. As próprias planilhas do site http://www.estradareal.tur.br indicam que alguns marcos estão colocados no lado errado de cruzamentos, mas ninguém até hoje corrigiu esses marcos!!!

Falando em planilha, o viajante precisa ter cuidado. Elas estavam desatualizadas quando viajamos. Alguns trechos que indicam ser estradas em que carros podem passar, na verdade mal comportaram nossas bikes.

Bom, mas a idéia aqui não é fazer propaganda contra a ER (pelo contrario!!!). Estou falando de alguns trechos, mas é bom ficar esperto para não estragar sua viagem. Marcos derrubados, e alguns colocados no lado errado de uma bifurcação podem te deixar perdido e atrasar sua trip. A dica, para lugares com muitas bifurcações, é ficar de olho nas planilhas, e prestar atenção na numeração dos marcos e assim se ter uma idéia da distancia entre eles para ter certeza que você está no caminho certo.

Quanto ao gps que baixamos do site, ele estava "furado". A dica aqui é levar as planilhas impressas. No nosso caso, tínhamos um porta mapas, para não molhar o papel e tal, e funcionou bem.

Pra quem curte conhecer lugares históricos: fora das famosas cidades como Ouro Preto, o que se vê pelo caminho é um certo abandono das construções históricas. Como exemplo, nas ruínas da Estalagem Varginha, frequentada no passado por Tiradentes, em Conselheiro Lafaiete. Lá encontramos um boi pastando e coçando o chifre nas ruínas. E no entorno dela, um capim de mais de 1 metro de altura. É o caso típico de desvalorização da nossa história. Vale citar que esse lugar é tombado pelo estado..
Mas nem tudo é assim, felizmente. O museu de Cabangu (na cidade de Santos Dumont) mantido pela Aeronáutica é um bom exemplo de respeito à nossa história. Fica na fazenda onde nasceu o pai da aviação, às margens da ER. Vale a pena visitá-lo.

IMPORTANTE:
O relato que publicamos aqui é uma forma de ajudar outros viajantes de bike a montar seus planos de viagem e tal, mas antes disso um grande barato pra gente que viajou poder se lembrar melhor dos perrengues que passamos. Não existe aqui nenhuma pretensão em definir o que é bom ou ruim se fazer, afinal cada experiência é única. Só não deixe de fazer o caminho por excesso de preocupações com o que pode ou não acontecer numa viagem dessas. Viajar de bicicleta é curtir muito mais o caminho do que o destino que ele nos leva. Os perrengues fazem parte da aventura.

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